Cristiano Ronaldo volta à seleção após chiliques na Copa – 17/03/2023 – Esporte


Adeus português. Triste fim. Atirados ao tapete. Chora, Portugal.

No dia seguinte à eliminação de Portugal na Copa do Mundo no Qatar, onde os europeus foram superados por Marrocos nas quartas de final, as capas dos principais jornais do país indicavam o fim de uma era.

Mais do que a queda no torneio, era como se tivesse chegado a hora de se despedir de nomes importantes da seleção, inclusive, o maior deles: Cristiano Ronaldo.

O craque foi o primeiro português a deixar o gramado do estádio Al Thumama, em Doha, o palco da derrota para os marroquinos. Antes de chegar ao túnel de acesso ao vestiário, quase foi agredido por um torcedor que invadiu o campo. Já na parte interna, foi visto com os olhos marejados, tentando encobrir o rosto com as mãos, mas a frustração era visível.

Não era assim que nem o craque nem os portugueses imaginavam que seria a última imagem dele com a camisa da seleção. Muito menos que a passagem dele pelo Qatar seria marcada por polêmicas, como o litígio com o Manchester United às vésperas do torneio e o chilique após ser substituído no último jogo da fase de grupos.

A birra com o técnico Fernando Santos o fez perder seu lugar na equipe. Único jogador a marcar gols em cinco edições de Copa do Mundo, ele começou na reserva o jogo contra o Marrocos. Quando entrou, já no segundo tempo, não conseguiu evitar o revés por 1 a 0.

Três meses após o fim do Mundial e depois de se transferir para o Al Nassr, da Arábia Saudita, o camisa 7 terá uma nova chance de reescrever sua despedida de Portugal. Nesta sexta-feira (17), o veterano jogador de 38 anos foi convocado pelo técnico Roberto Martinez para as duas primeiras rodadas das Eliminatórias da Eurocopa neste mês, contra Liechtenstein e Luxemburgo.

“Não olho para a minha idade”, afirmou o antigo treinador da Bélgica, acrescentando que o seu plantel é “o ponto de partida” na campanha rumo ao Euro.

Disputar a competição já fazia parte dos planos dele antes da Copa. Mas desde a derrota para Marrocos o astro nunca foi taxativo sobre sua continuidade na seleção. Ao longo de sua carreira, porém, mais de uma vez, ele afirmou que defender seu país e jogar a Champions League são suas maiores motivações.

No momento, só uma dessas coisas está a seu alcance.

Cristiano Ronaldo tem o maior número de partidas por uma seleção na história do futebol masculino, com 196 ao todo, um recorde que divide com Bader Al-Mutawa, do Kuwait.

Al-Mutawa ainda está ativo e poderá enfrentar as Filipinas na próxima quinta-feira (23), no mesmo dia em que Portugal recebe o Liechtenstein.

Contratado em janeiro para o lugar de Fernando Santos, demitido após oito temporadas à frente da equipe portuguesa, Martinez teve uma conversa com Cristiano Ronaldo antes de convocá-lo.

No encontro, o treinador disse que contava com todos os atletas que estiveram no Qatar. Sem falar que a continuidade do camisa 7 na seleção vai beneficiar as finanças da Federação Portuguesa de Futebol, com patrocínios e outros direitos de imagem.

O ídolo português foi o principal responsável por mudar o patamar de Portugal entre as seleções. Foi com ele que país conquistou os dois primeiros títulos de sua história, a Eurocopa de 2016 e a Nations League de 2018-19, na estreia da competição.

As conquistas foram reflexos não só do talento individual de Cristiano Ronaldo, mas também da formação de uma mentalidade vencedora entre os portugueses, que favoreceu o surgimento de duas boas safras de grandes atletas, como alguns dos nomes que estiveram recentemente na Copa do Mundo do Qatar: Rúben Dias, Nuno Mendes, Bernardo Silva, Bruno Fernandes, Vitinha, João Félix e Rafael Leão.

Jovens, eles certamente farão parte de todo o ciclo até o próximo Mundial, em 2026, e ainda reconhecem em Cristiano Ronaldo um líder para se inspirar mesmo que ele esteja longe dos grandes centros do futebol —ela soma nove jogos e oito gols pelo Al Nassr, vice-líder da liga saudita, um ponto atrás do Al Ittihad.

Por isso, mesmo que não esteja com o elenco daqui a quatro anos, a presença do camisa 7 neste início de um novo ciclo é importante para o trabalho de Martinez.

“É um processo que temos que enfrentar com naturalidade, com responsabilidade, e tomaremos decisões importantes para o time”, afirmou o o comandante.

Ele será o quinto treinador a dirigir o astro na seleção. Luiz Felipe Scolari, Carlos Queiroz, Paulo Bento e Fernando Santos passaram pelo cargo antes dele, sendo o brasileiro responsável promover a estreia do jogador, em 2003, num amistoso contra o Cazaquistão.

Vinte anos depois, ele terá a chance de mostrar que ainda é tão importante quanto aquele jovem de 19 que encheu os portugueses de esperança.



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