Apesar de medidas para conter crise bancária, investidores enxergam possibilidade de repercussões mais duradouras e potencialmente grave na economia mundial em meio à incerteza de liquidez na zona do Euro
As ações do banco alemão Deutsche Bank despencaram nesta sexta-feira, 24, após a crescente preocupação com a estabilidade dos bancos europeus levar à valorização de derivativos de swaps de inadimplência de crédito (CDS) na noite do dia anterior. Os ativos da bolsa de Frankfurt chegaram a cair 14% durante a sessão, mas reduziram as perdas para uma baixa de 4,23%, às 13h28 no horário de Brasília. Este é o terceiro recuo consecutivo nas ações do credor alemão, que perdeu mais de um quinto do seu valor de mercado em março. Em contrapartida, os swaps de inadimplência de crédito, que funcionam como um seguro para detentores de títulos de uma empresa contra o não cumprimento de um contrato ou obrigação, saltaram de 142 pontos-base para 173 pontos-base. Autoridades internacionais esperavam que a venda do Credit Suisse para o UBS ajudasse a estabilizar o mercado, mas os investidores estão incertos se a transação será suficiente para conter a crise no setor bancário mundial. O Deutsche liderou as quedas nas principais ações de bancos europeus, com o rival alemão Commerzbank caindo 9%. Já o Credit Suisse, Société Générale e UBS desvalorizaram mais de 7% cada. O britânico Barclays e o frânces BNP Paribas caíram mais de 6%.
As perdas no mercado financeiro da Europa frearam ligeiramente após a presidente do Banco Central Europeu, Christine Lagarde, afirmar que o setor bancário da zona do euro era resiliente devido ao forte capital, posições de liquidez e reformas realizadas após a crise financeira de 2008. Ela também declarou que a instituição está equipada para fornecer liquidez ao sistema financeiro, se necessário. Nas últimas semanas, diversos reguladores financeiros tomaram medidas para evitar que a crise bancária se espalhasse para outras instituições. A agência reguladora Moody’s afirmou que as providências tem sido bem-sucedidas. “No entanto, em um ambiente econômico incerto e com a confiança dos investidores permanecendo frágil, existe o risco de que os formuladores de políticas sejam incapazes de reduzir a atual turbulência sem repercussões mais duradouras e potencialmente graves dentro e fora do setor bancário”, afirmou a agência em nota. A empresa ainda avaliou que “quanto mais tempo as condições financeiras permanecerem apertadas, maior o risco de que o estresse se espalhe para além do setor bancário, desencadeando maiores danos financeiros e econômicos”.