O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) afirmou que devolverá as armas recebidas por ele como presente de autoridades dos Emirados Árabes Unidos em 2019 “com dor no coração”.
Bolsonaro ainda disse que pagaria, se possível, para ficar com os equipamentos, mas os devolverá conforme decisão do TCU (Tribunal de Contas da União). As declarações foram dadas à TV Record em entrevista exibida nesta quinta-feira (23).
“Confesso, com dor no coração, vou entregar as armas, com dor no coração, tá o meu nome lá, eu pagaria o que tenho no meu bolso aqui por aquelas duas armas, mas não vamos criar qualquer polêmica no tocante em si, às armas”, disse o ex-presidente.
Ele também falou sobre a decisão da corte de contas que mandou devolver um conjunto de joias masculinas trazidas da Arábia Saudita por uma comitiva brasileira em 2021. Disse não ter nenhuma intenção de, segundo ele, desaparecer com os itens, incorporados a seu acervo pessoal.
Bolsonaro ainda disse que a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro não tomou conhecimento de nenhum presente a ela pela Arábia Saudita, e que a legislação permitiria a posse dos itens de luxo, sendo possível a venda deles para a União. “Fiz a coisa certa de acordo com a lei”, concluiu.
“O nosso ministro recebeu duas caixas de presente. Uma ficou retida lá na alfândega, a outra foi para presente. Eu só tomei conhecimento disso um ano depois, e a minha esposa tomou conhecimento pela imprensa. Minha esposa não tem nada a ver com isso. A caixa que seria para ela tava na Receita.”
No último dia 15, o Tribunal de Contas havia determinado que o material fosse entregue na Secretaria-Geral da Presidência da República. O presidente do TCU, ministro Bruno Dantas, sustentou que o ex-presidente não poderia ficar com as joias e disse que, para um presente ser incorporado ao patrimônio privado, deveria ser classificado como item personalíssimo e ser de baixo valor.
Já o ministro Walton Alencar, decano do TCU, destacou que a medida era uma forma de preservar o interesse público e salvaguardar os padrões de moralidade dentro da administração pública. Alencar afirmou que as joias devem ser catalogadas e integrar o patrimônio público.
Na mesma entrevista para a TV, o ex-mandatário afirmou pretender voltar ao país no dia 30 de março, mas que a data não é definitiva. Anteriormente, porém, Bolsonaro afirmou retornar um dia antes, no dia 29 de março, e que estudaria a situação do país uma semana antes para tornar definitiva ou não a sua volta.
Bolsonaro ainda reiterou as ilações feitas em suas redes sociais sobre a operação deflagrada pela PF contra suspeitos de planejar ataques contra autoridades, como o senador Sergio Moro (União Brasil-PR).
Associou o plano da facção criminosa PCC (Primeiro Comando da Capital) com visita do então candidato à presidência Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ao Complexo do Alemão, no Rio de Janeiro, em 2022, e a visita do ministro da Justiça, Flávio Dino (PSB), ao complexo da Maré, também na capital fluminense, neste mês.
Na quarta (22), o ex-presidente manifestou solidariedade a Moro e ao promotor Lincoln Gakiya —que também seria alvo dos criminosos— e, sem indícios nem provas, buscou ligar a investigação da PF a outros dois crimes: a facada que sofreu em Juiz de Fora (MG), em 2018, e o assassinato do ex-prefeito de Santo André (SP) Celso Daniel, em 2002.