O ministro da Secretaria de Comunicação Social da Presidência, Paulo Pimenta, disse nesta quinta-feira (23) que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) não contestou o trabalho da Polícia Federal ao fazer ilação de que o plano do PCC descrito pela PF para atacar o senador Sergio Moro (União Brasil-PR) poderia ser “uma armação” do ex-juiz.
Segundo Pimenta, Lula questionou um “conjunto de coincidências” da operação, mas não colocou em xeque a atuação da corporação nem do Ministério da Justiça.
Mais cedo, o presidente disse: “Eu não vou falar porque acho que é mais uma armação do Moro. Quero ser cauteloso, vou descobrir o que aconteceu. É visível que é uma armação do Moro”.
O ministro da Secom buscou minimizar a fala de Lula.
“Na minha opinião, a fala do presidente em nenhum momento questiona a investigação, até porque foi conduzida pela PF e pelo Ministério da Justiça. Mas acho que o objeto do questionamento foi o conjunto de coincidências, fatos que acabam trazendo de volta toda uma memória sobre o método que foi utilizado contra ele, muitas vezes, mesmos personagens”, disse.
“Muito mais do que como presidente, como ser humano, é natural o sentimento de dúvida, indignação dele”, completou.
A declaração de Lula ocorreu mais cedo, no Rio de Janeiro, mesmo após integrantes do próprio governo petista terem exaltado a operação do dia anterior feita pela PF, que é ligada ao Ministério da Justiça.
A ilação feita por Lula acirrou a disputa com opositores e levou Moro a reagir cobrando “decência” do presidente. A juíza Gabriela Hardt, responsável por assinar os mandados de prisão, tirou o sigilo do processo logo após a fala do presidente, levando à divulgação de mais detalhes da investigação policial.
A ameaça contra o senador havia sido descrita pelo próprio ministro da Justiça, Flávio Dino (PSB), ao divulgar a operação da PF contra a facção criminosa nesta quarta (22).
“Mas isso vou esperar. Não vou ficar atacando ninguém sem ter provas. Acho que é mais uma armação. E se for mais uma armação, ele vai ficar mais desmascarado ainda. Não sei o que ele vai fazer da vida se continuar mentindo do jeito que ele está mentindo”, afirmou Lula, em visita ao Complexo Naval de Itaguaí (RJ), onde é desenvolvido o programa do submarino nuclear da Marinha.
O presidente expôs suspeita sobre a atuação da juíza Gabriela Hardt, que foi substituta de Moro na condução da Lava Jato na Justiça Federal de Curitiba. “Vou pesquisar o porquê da sentença. Fiquei sabendo que a juíza não estava nem em atividade quando deu o parecer para ele.”