“Acho que o objeto do questionamento foi o conjunto de coincidências”, declara o ministro
O ministro Paulo Pimenta (Secretaria de Comunicação) disse nesta 5ª feira (23.mar.2023) que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) não questionou a operação da Polícia Federal que desbaratou planos do PCC para atacar o senador Sergio Moro (União Brasil-PR).
Mais cedo, Lula havia dito que o caso se tratava de “uma armação do Moro”. A declaração desencadeou horas de noticiário negativo para o presidente. Também deu ao senador, que colocou o petista na cadeia quando era juiz, exposição positiva na imprensa.
“Na minha opinião, a fala do presidente em nenhum momento questiona a investigação, até porque foi conduzida pela Polícia Federal e pelo Ministério da Justiça”, disse Pimenta.
“Mas acho que o objeto do questionamento foi o conjunto de coincidências, fatos que acabam trazendo de volta toda uma memória sobre o método que foi utilizado contra ele [na Lava Jato]. Muitas vezes, são os mesmos personagens”, declarou o ministro.
A operação foi realizada na 4ª feira (22.mar). Quem a autorizou foi a juíza Gabriela Hardt, que substituía Moro na Lava Jato quando condenou o hoje presidente no caso do sítio em Atibaia. Por isso Pimenta cita “mesmos personagens”.
Na véspera da operação, Lula havia dito em entrevista que, quando estava preso, queria “foder” Moro. Depois, o senador passou a dizer que as falas do presidente expõem sua família.
“Muito mais do que como presidente, como ser humano, é natural o sentimento de dúvida, indignação dele. Se fizeram isso para ele tantas vezes”, disse Paulo Pimenta.
Lula está no Rio de Janeiro nesta 5ª feira. Foi visitar a construção do submarino nuclear da Marinha, as obras do Museu Nacional e participar de um ato com o setor de cultura.
A avaliação do Planalto é que a agenda tinha tudo para proporcionar ao presidente um dia de noticiário positivo, mas a declaração sobre Moro impediu que qualquer uma dessas ações repercutisse na opinião pública.
O petista voltará a Brasília na noite desta 5ª feira e tem reunião com aliados na manhã de 6ª feira (24.mar). É possível que seja discutida uma forma de amenizar o dano causado pela declaração.
A expectativa no governo é que a viagem para a China, nos próximos dias, faça o assunto perder força. Lula embarca para o país asiático no sábado (25.mar).
Lá, terá uma série de compromissos com autoridades chinesas, como o presidente Xi Jinping, e empresários. Deve anunciar acordos comerciais e investimentos no Brasil.