A Polícia Federal afirma em pedido de prisão enviado à Justiça que o plano de ataque do PCC contra o ex-ministro e atual senador Sergio Moro
Fabio Serapião e Lucas Marchesini
Brasília, DF
A Polícia Federal afirma em pedido de prisão enviado à Justiça que o plano de ataque do PCC (Primeiro Comando da Capital) contra o ex-ministro e atual senador Sergio Moro (União Brasil-PR) era iminente e que a facção monitorou locais onde o ex-ministro frequentava.
Um dos locais monitorados foi o clube em Curitiba onde ele votou na eleição de 2022. As informações foram utilizadas como base na Operação Sequaz, deflagrada pela PF na quarta-feira (22).
Os investigadores iniciaram a apuração com base em depoimento de um ex-integrante do PCC que se transformou em testemunha protegida da Justiça de São Paulo.
Foi ele quem relatou o plano de sequestro do ex-ministro, posteriormente levado para os investigadores da Polícia Federal.
Na quarta-feira, a PF cumpriu 11 mandados de prisão e uma série de diligências para desarticular plano que estaria em andamento para atacar autoridades, incluindo Moro.
Nesta quinta-feira (23), o presidente Lula disse, a respeito do caso: “Acho que é mais uma armação do Moro”.
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Um dos motivos para o ataque da facção seria a portaria assinada por Moro, quando ele era ministro da Justiça, que manteve a rigidez no sistema penitenciário federal. O documento foi assinado no mesmo dia em que chefes da facção foram transferidas de São Paulo para presídios federais, em fevereiro de 2019.
A quadrilha chegou a fazer um reconhecimento detalhado do local de votação de Moro. Esse levantamento incluía uma descrição das entradas, câmeras existentes no local, segurança e rota de acesso.
A investigação também encontrou imagens do prédio onde Moro vivia no Paraná no celular de um dos investigados.
Segundo a PF, o plano do PCC estava em andamento desde o ano passado; em fevereiro, o desfecho era iminente.
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“Corroborando a iminência do plano, o principal investigado, de nome Janeferson e sua companheira de nome Aline Lima Paixão, realizaram mudança de residência no início do mês de fevereiro, buscando cadastrar todos os dados em nome de terceiros, notoriamente para tentarem ficar invisíveis quando do cometimento dos gravíssimos delitos”, diz a PF.
Conhecido como Nefo, NF ou Dodge, Janeferson é apontado pela PF como responsável pela “organização, financiamento, planejamento e execução do sequestro/atentado” contra Moro.
Ele seria um integrante da Restrita 05, célula da cúpula do PCC. Entre outras informações, a PF mapeou como ele participou do aluguel de imóveis em Curitiba durante a execução do plano.
Uma dessas casas estava localizada entre o escritório de advocacia da deputada Rosângela Moro, esposa do senador, e um antigo imóvel da família perto da residência atual.
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“Verificamos que os criminosos estiveram em chácaras na região de Contenda e São José dos Pinhais, bem como locaram uma residência bem próxima dos endereços do Senador em questão. Não bastasse isso, utilizaram veículos diversos e têm despendido relevantes quantias oriundas do Tráfico de Drogas para subsidiar esse atentado contra o Estado Brasileiro”, diz a PF na representação encaminhada à Justiça.
Para evitar a polícia, os integrantes do PCC se valiam de um “circuito fechado” com a troca de telefones quase que semanalmente.
Mesmo assim, a PF conseguiu monitorar até videochamadas dos integrantes da Restrita 5.
Segundo a PF, outro envolvido seria Claudinei Carias, responsável pelas “vigilâncias e levantamentos sobre o senador Sergio Moro, incluindo a prestação de contas que ele apresentou desde a metade do ano passado”.
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As anotações apontam que o plano para sequestrar o senador previa custos de ao menos R$ 564,5 mil. As despesas envolveriam R$ 110 mil em fuzis e R$ 90 mil em dois carros, entre outros itens.
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Entre os veículos que seriam usados na empreitada criminosa estava uma Mercedes blindada, aponta o inquérito.
Em outra anotação, havia o controle desses gastos como “apartamento, viagem, alimentação, combustível, aluguel de chácara, móveis para casa, veículos (Hilux), pedreiro para cofre (esconderijo para armas)”, entre outros.
Outra anotação encontrada nas investigações tinha informações pessoais do senador, como endereços, nome dos familiares, telefone, e-mail da sua filha e informações da sua declaração de bens.