Segundo as investigações, o major Claudio Mendes dos Santos administrava o dinheiro que financiava atos extremistas
A PF (Polícia Federal) realizou nesta 5ª feira (23.mar.2023) a 9ª fase da operação Lesa Pátria, que visa prender incitadores e financiadores do 8 de Janeiro.
Foi preso nesta etapa da operação o major da reserva da PM-DF (Polícia Militar do Distrito Federal), Cláudio Mendes dos Santos, 49 anos. Ele é acusado de administrar o dinheiro usado para financiar os atos extremistas.
Segundo apurou o Poder360, a investigação encontrou indícios de que Claudio ensinava táticas militares para outras pessoas que estavam acampadas em frente ao Quartel General do Exército, em Brasília.
Além disso, o major da PM-DF, que integrou uma divisão de operações especiais da corporação, realizou diversos discursos em tom agressivo em palcos improvisados no QG.
Fases anteriores
A 8ª fase foi deflagrada em 17 de março com objetivo de prender 32 extremistas do 8 de Janeiro. A ação policial foi realizada em 9 Estados e no Distrito Federal
A 7ª fase foi realizada em 7 de março. Foram presos 3 extremistas e os policiais cumpriram 8 mandados de busca e apreensão em Minas Gerais e no Paraná.
A 6ª fase cumpriu 8 mandados de prisão preventiva e 13 de busca e apreensão em Goiás, Minas Gerais, Paraná, São Paulo e Sergipe.
A 5ª fase, em 7 de fevereiro, levou à prisão de 4 agentes da PM-DF (Polícia Militar do Distrito Federal) que estariam supostamente envolvidos nos atos extremistas do 8 de Janeiro.
Entre os presos, estava o coronel da Polícia Militar do Distrito Federal Jorge Eduardo Naime Barreto, responsável pelo setor que planejou a segurança da Esplanada dos Ministérios no dia dos atos. Além dele, foram presos:
- o capitão Josiel Pereira César;
- o major Flávio Silvestre de Alencar;
- o tenente Rafael Pereira Martins.
Em 3 de fevereiro, agentes realizaram a 4ª fase da operação em 5 Estados e no Distrito Federal. Ao todo, foram cumpridos 3 mandados de prisão preventiva e 14 mandados de busca e apreensão nos Estados de Rondônia, Goiás, Espírito Santo, São Paulo, Mato Grosso e Distrito Federal.
O Poder360 apurou que um dos presos nesta fase foi o ex-presidente da CDL (Câmara de Dirigentes Lojistas) de Rio Verde (GO), Lucimário Benedito Camargo, conhecido como Mário Furacão. O ex-candidato a deputado estadual William Ferreira da Silva, conhecido como “Homem do Tempo” também foi preso em Rondônia. Um policial legislativo do Senado Federal ainda não identificado foi um dos alvos de busca e apreensão da operação.
Em 27 de janeiro, a corporação realizou a 3ª fase da operação no Rio de Janeiro, Minas Gerais, Paraná, Santa Catarina, Espírito Santo e Distrito Federal. Os agentes cumpriram 11 mandados de prisão e 27 de busca e apreensão.
O sobrinho do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) Leonardo Rodrigues de Jesus, o Léo Índio, foi um dos alvos da última fase. O Poder360 apurou que agentes da PF (Polícia Federal) cumpriram um mandado de busca e apreensão em sua residência.
A 2ª fase da Lesa Pátria foi realizada em 23 de janeiro com a prisão de Antônio Cláudio Alves Ferreira, que invadiu o Palácio do Planalto e destruiu um relógio do século 17 durante os atos do 8 de Janeiro. Ferreira foi preso em Uberlândia (MG) e encaminhado para a sede da Superintendência da Polícia Federal em Brasília.
A operação foi deflagrada em 20 de janeiro. Na 1ª fase, foram cumpridos 8 mandados de prisão preventiva e 16 de busca e apreensão, expedidos pelo STF, nos Estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Goiás, Mato Grosso do Sul e Distrito Federal.
Invasão aos Três Poderes
Por volta das 15h de domingo (8.jan.2023), extremistas de direita invadiram o Congresso Nacional depois de romper barreiras de proteção colocadas pelas forças de segurança do Distrito Federal e da Força Nacional. Lá, invadiram o Salão Verde da Câmara dos Deputados, área que dá acesso ao plenário da Casa. Equipamentos de votação no plenário foram vandalizados. Os extremistas também usaram o tapete do Senado de “escorregador”.
Em seguida, os radicais se dirigiram ao Palácio do Planalto e depredaram diversas salas na sede do Poder Executivo. Por fim, invadiram o STF (Supremo Tribunal Federal). Quebraram vidros da fachada e chegaram até o plenário da Corte, onde arrancaram cadeiras do chão e o Brasão da República –que era fixado à parede do plenário da Corte. Os radicais também picharam a estátua “A Justiça”, feita por Alfredo Ceschiatti em 1961, e a porta do gabinete do ministro Alexandre de Moraes.
Os atos foram realizados por pessoas em sua maioria vestidas com camisetas da seleção brasileira de futebol, roupas nas cores da bandeira do Brasil e, às vezes, com a própria bandeira nas costas. Diziam-se patriotas e defendiam uma intervenção militar (na prática, um golpe de Estado) para derrubar o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Antes da invasão
A organização do movimento havia sido monitorada previamente pelo governo federal, que determinara o uso da Força Nacional na região. Pela manhã de domingo (8.jan), 3 ônibus de agentes de segurança estavam mobilizados na Esplanada. Mas não foram suficientes para conter a invasão dos radicais na sede do Legislativo.
Durante o final de semana, dezenas de ônibus e centenas de carros e pessoas chegaram à capital federal para a manifestação. Inicialmente, o grupo se concentrou na sede do Quartel-General do Exército, a 7,9 km da Praça dos Três Poderes.
Depois, os radicais desceram o Eixo Monumental até a Esplanada dos Ministérios a pé, escoltados pela Polícia Militar do Distrito Federal.
O acesso das avenidas foi bloqueado para veículos. Mas não houve impedimento para quem passasse caminhando.
Durante o domingo (8.jan), policiais realizaram revistas em pedestres que queriam ir para a Esplanada. Cada ponto de acesso tinha uma dupla de policiais militares para fazer as revistas de bolsas e mochilas. O foco era identificar objetos cortantes, como vidros e facas.
Contra Lula
Desde o resultado das eleições, extremistas de direita acamparam em frente a quartéis em diferentes Estados brasileiros. Eles também realizaram protestos em rodovias federais e, depois da diplomação de Lula, promoveram atos violentos no centro de Brasília. Além disso, a polícia achou materiais explosivos em 2 locais da capital federal.