Desde a posse, o presidente já fez ao menos 10 declarações condenando o BC; ministros, petistas e líderes criticaram 24 vezes
Aliados do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) aumentaram o tom das críticas ao Banco Central e ao presidente da instituição, Roberto Campos Neto, depois da divulgação da manutenção da taxa de juros em 13,75% ao ano por parte do Copom (Comitê de Política Monetária) na 4ª feira (22.mar.2023).
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse que o comunicado foi “muito preocupante”. Além dele, o ministro da Casa Civil, Rui Costa, e o ministro do Desenvolvimento Agrário, Paulo Teixeira, também criticaram a decisão do BC.
O presidente Lula e seus aliados já fizeram declarações criticando o BC (Banco Central), o chefe da instituição, Roberto Campos Neto, ou a política monetária ao menos 34 vezes desde a posse em 1º de janeiro.
Levantamento do Poder360 mostra que Lula é o principal autor das críticas e que a equipe econômica, na maioria das vezes, agiu como apaziguadora na relação entre o Executivo e a autoridade monetária.
Em 2023, as críticas começaram em 18 de janeiro, com Lula dizendo ser “bobagem” a ideia de que um BC autônomo é melhor. No dia seguinte, o ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, botou “panos quentes” dizendo que o presidente não pretendia mudar regras relacionadas à autonomia do Banco Central.
Ao todo, até 22 de março, foram 19 declarações de autoridades do 1º escalão de Brasília tentando acalmar os ânimos entre Lula e Roberto Campos Neto. Até o próprio presidente do BC fez isso quando acenou diversas vezes ao petista. O principal caso foi em entrevista ao programa “Roda Viva”, da TV Cultura, em 13 de fevereiro.
A presidente do PT, Gleisi Hoffmann, é uma das que mais atacaram a autoridade monetária nos últimos meses. Em 2 de março, a petista declarou que Campos Neto deveria pedir para sair do BC. Na 4ª feira (22.mar.2023), depois da decisão do BC, Gleisi disse que a política monetária de Campos Neto “já foi derrotada” e que a taxa elevada só beneficia o “rentismo e quem não produz”.
Centrais sindicais, que protestaram na 3ª feira (21.fev.2023) contra os juros altos, também criticaram a decisão do Banco Central. A CUT (Central Única dos Trabalhadores) disse que a decisão “revela uma completa submissão do Copom aos interesses dos rentistas”. Eis a íntegra da nota (33 KB).
Já a Força Sindical disse que a decisão é uma “extorsão para os brasileiros e o setor produtivo”. “Vale destacar que juros altos sangram o País e inviabilizam o desenvolvimento”, diz um trecho. Eis a íntegra (133 KB).
O líder do Governo no Congresso, Randolfe Rodrigues (Rede-AP), disse que a decisão do BC “é frustrante, injustificável e incompatível”. Afirmou que parece mais uma “decisão política”.
Na 3ª feira (21.mar.2023), Lula disse que vai continuar batendo na autoridade monetária para que os juros sejam reduzidos.