A Polícia Civil de Mato Grosso prendeu Edno de Abadia Borges, 60, suspeito de matar a tiros Valter Fernando da Silva, 36, no domingo (19). Ele deve passar por audiência de custódia nesta quarta-feira (22).
Segundo a polícia, a vítima apoiava o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e o suspeito é eleitor de Lula (PT). Irani da Silva, mãe da vítima, contou que Edno e Valter eram amigos. Ao UOL, ela disse ter sido informada sobre a morte do filho na madrugada de segunda-feira (20).
Ambos estavam em um bar do distrito de Celma, zona rural de Jaciara, município localizado a 144 km de Cuiabá. Conforme as investigações das polícias Civil e Militar, testemunhas relataram que os dois estavam bebendo e iniciaram uma discussão por motivos políticos.
O dono do bar disse que ouviu os disparos após a discussão e correu ao local, mas já encontrou Silva no chão. Quando a polícia chegou ao local, o bolsonarista já estava morto. A vítima foi atingida por ao menos dois tiros na região do abdômen.
Durante as buscas, o carro do suspeito foi encontrado a 10 km do local do crime.
A Polícia Civil não trabalha com a hipótese de crime político. “Não há como classificar o crime como político. O que houve foi um crime qualificado por motivo fútil, que foi a divergência política ou ideológica”, disse ao UOL o delegado José Ramon Leite.
“O suspeito, acompanhado por seu advogado, se entregou e foi preso em vista que havíamos representado ao Poder Judiciário pela prisão preventiva, que foi deferida. Portanto, Edno de Abadia Borges se encontra detido”, completou o delegado.
Edno não tem registro de porte e nem posse de arma de fogo. A vítima e o suspeito também não tinham passagens criminais. “Eles tinham contato tão próximo que uma vez o Edno chegou a prestar socorro a Valter, que estava passando mal”, disse o delegado que investiga o caso.
Ao UOL, a assessoria de Lula disse lamentar o ocorrido. “O presidente já falou —e reitera— que não há justificativa para violência política, e que as diferenças devem ser respeitadas e resolvidas por diálogo. Jamais com tiros.”
A reportagem entrou em contato com os assessores do PL e de Bolsonaro. Em caso de manifestação, este texto será atualizado.
Outro caso de intolerância política ocorreu em setembro de 2022. Um homem, identificado como Benedito Cardoso dos Santos, de 42 anos, foi assassinado com golpes de faca e machado, durante uma discussão por questões políticas. Ele era apoiador do então candidato à Presidência da República pelo PT.
O autor do crime, Rafael Silva de Oliveira, de 24 anos, era apoiador de Bolsonaro. Ele foi identificado pelas autoridades quando foi buscar ajuda em uma unidade de saúde por conta de um corte na mão. Do hospital, Rafael foi levado à delegacia, onde ficou preso e confessou o crime por “motivação política”.