O novo Programa de Treinamento em Jornalismo Diário da Folha, voltado a profissionais negros, começou no dia 6 de março. São 12 trainees, selecionados entre 726 inscritos, em uma disputa de 60 candidatos por vaga.
A coordenação do curso é de Flavia Lima, secretária-assistente de Redação, e de Suzana Singer, editora de Treinamento e Seminários.
É a terceira vez que o jornal organiza uma turma apenas com jornalistas negros. O objetivo é aumentar a diversidade na Redação.
O curso conta com o patrocínio da Philip Morris. “A empresa passa por uma grande transformação, em busca de um futuro sem fumaça. Essa jornada inclui um processo de inovação que só é possível com a atuação de equipes caracterizadas pela diversidade, que tragam para a empresa a representação do que é a nossa sociedade. Temos uma série de programas nesse sentido. Acreditamos que iniciativas como essa da Folha contribuem para uma sociedade mais justa e equitativa”, diz Priscilla Staell, gerente de comunicação da Philip Morris Brasil.
Conheça os atuais trainees.
Geovana Oliveira, 24, está se formando em jornalismo na UFBA (Universidade Federal da Bahia). Seu trabalho final será um podcast sobre como a presença de jovens na Redação da Rádio Metrópole mudou a grade da emissora soteropolitana. Ela foi um desses recém-chegados e apresentou um programa voltado ao público da sua geração. Antes do jornalismo, Geovana cursou engenharia civil, seguindo o conselho paterno, focado em “formação rentável”. Mas não gostou das exatas. “Quero contar histórias, no formato que for.”
Criado até os quatro anos em um barraco de madeira em uma favela da zona norte de São Paulo, Jonas Santana, 24, está concluindo o curso de jornalismo na USP (Universidade de São Paulo). Já passou pelas Redações da Repórter Brasil e do UOL. “Sonhos guiam a nossa vida. A gente vai realizando e criando outros”, afirma. Outro sonho realizado foi fazer intercâmbio: ele passou um semestre estudando em Roma. Sua meta, agora, é conquistar independência financeira.
O jornalista Adriano Alves, 29, nasceu em Petrolina (PE) e fez universidade em Juazeiro (BA). Hoje, ainda se divide entre os estados: mora na Bahia, mas atravessa uma ponte de 800 metros diariamente para trabalhar no município pernambucano. Pernambucano ou baiano? “Peba”, responde. Adora arte e quase cursou teatro. Atua na TV local há oito anos e escreve como freelancer para veículos nacionais. Seu objetivo é trabalhar com o que chama de jornalismo profundo, que demanda mais atenção do que o factual.
Vinícius Barboza, 26, mora em Cajamar (SP), fez curso técnico em química e iniciou uma graduação na área. Como emperrava nas aulas de cálculo, repensou a carreira e ingressou em jornalismo. Gosta de ler notícias sobre temas do cotidiano, economia e esportes. “Buscar pautas de interesse público, ouvir pessoas e reportar fatos traz uma satisfação que eu não encontrava no laboratório”, diz. Trabalha em uma agência de relações públicas na capital paulista atendendo marcas de cerveja.
Mineiro de Belo Horizonte, João Rabelo, 32, é jornalista e mestre em Comunicação Social pela UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais), onde pesquisou sobre poesia e psicanálise no cinema estrutural. Desde formado, cursou disciplinas isoladas em literatura e filosofia, sendo a mais recente sobre a teoria estética do alemão Theodor Adorno (1903-1969). Leitor assíduo de jornais e revistas, também tem interesse por arte e política. “Gosto desses temas desde muito novo”, diz. Trabalha com produção de conteúdo para centros culturais.
Alan Souza é maranhense de nascimento, mas passou a maior parte de seus 20 anos sem Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense. Está cursando o último ano de jornalismo na UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro). Ele diz que aos 10 anos criou uma espécie de jornal semanal que circulava pela família. O incentivo de seguir a carreira veio da mãe e de uma professora de artes, que sempre elogiavam seus textos. Passou pelo setor de comunicação da EBC e do Tribunal Regional Federal. Seu sonho é ser editor de um caderno de cultura.
“A música acompanha a minha família”, conta o soteropolitano Pedro Nascimento, 36, jornalista formado em 2021. Pedro começou cantando no coral do Instituto Federal da Bahia aos 16 anos, mas afirma que desde antes já demonstrava interesse pela escrita. Hoje, atua para juntar as duas coisas: cursa mestrado em comunicação, na UFBA (Universidade Federal da Bahia), e desenvolve pesquisa acadêmica sobre a construção de sentidos na música.
A baiana Mariana Brasil Oliveira, 21, diz que jornalistas se formam na rua, conversando com gente, respirando pessoas, ouvindo as mais diversas visões de mundo. “Eu me considero um ser social por viver isso”, afirma. Estudante de jornalismo na UFBA (Universidade Federal da Bahia) e estagiária do Grupo Metrópole, Mariana também é voluntária na ONG internacional Teto Brasil, que constrói casas emergenciais.
Formado em jornalismo pela Universidade de Sorocaba há cinco anos, Lucas Monteiro, 26, é o criador da ponto mp3, produtora de podcasts fundada em 2019. Natural de Sorocaba, no interior de São Paulo, ele diz que aprendeu edição de som por conta própria, sem fazer nenhum curso. No jornalismo, visa a área de política. Por dois anos, conciliou as aulas na faculdade com o trabalho de porteiro de prédio e utilizava o salário para bancar os estudos. “Foi traumático, mas teve aprendizado.’’
Documentarista, Pedro de Alencar, 30, nasceu e viveu em Niterói (RJ) até 2021, quando se mudou para Salvador, onde faz doutorado em comunicação, na UFBA (Universidade Federal da Bahia). “Eu me apaixonei pela cidade quando visitei a turismo e decidi que iria morar aqui”, conta. Pedro diz que seu interesse pelo trabalho jornalístico surgiu durante o período da graduação em cinema. “Desde lá eu tenho o bichinho do jornalismo me picando”, afirma. Ele acredita em uma imprensa “vigilante em relação aos abusos do Estado”.
Jornalista formada pela PUC-SP, Nadine Nascimento, 27, é paulistana e já trabalhou em várias áreas da comunicação. Teve passagens pelo Le Monde Diplomatique e pelo Brasil de Fato. Também foi assessora parlamentar. Atualmente é editora na agência Alma Preta de jornalismo. Em sua trajetória profissional, entrou em contato com temas relacionados a cultura, política e diversidade. Sua profissão, segundo ela, complementa seu lado questionador, carente por mudanças.
Integrante da Agência Mural, que cobre as periferias, Kátia Flora dos Reis, 42, se formou em jornalismo em 2008. Moradora de São Bernardo do Campo, na Grande São Paulo, já foi premiada com duas reportagens: uma sobre suspeitas de fraude na merenda escolar durante o governo de João Doria e outra sobre causas de acidentes na rodovia Presidente Dutra. Já pensou em ser jogadora de basquete, mas desistiu por não ter a estatura adequada. Além de esportes, Kátia gosta de literatura.