Um ano de muitas crises políticas pelo mundo e da continuação de impasses militares que mantiveram o estado de tensão elevado para a possibilidade de um conflito global
A guerra na Ucrânia alcançou seu terceiro ano, com poucas mudanças territoriais significativas, mas com uma gradativa conquista de novos vilarejos e pequenas cidades no oblast de Donetsk. No campo de batalha novos armamentos mais potentes foram utilizados, como os mísseis de longo alcance ATACMS de fabricação americana e os Stormshadow de fabricação britânica pelo exército ucraniano, enquanto a Rússia lançou pela primeira vez um míssil balístico intercontinental na cidade industrial de Dnipro. Um arsenal muito mais robusto e que indica a ineficácia da busca pela paz por meios diplomáticos. Fora dos campos de batalha, o presidente Vladmir Putin foi reeleito mais uma vez em março com mais de 88% dos votos para mais um mandato de 6 anos. O presidente Volodymir Zelensky realizou uma série de viagens internacionais buscando maior apoio financeiro e militar e mesmo com algumas respostas positivas, já se prepara para possivelmente perder seu principal aliado, os estados unidos, com o retorno de Donald Trump a Casa Branca.
Em 2024 muitos países europeus tiveram mudanças significativas em seus comandos. Em Portugal, depois de 8 anos, o partido socialista foi derrotado e Luís Montenegro do partido social democrata se tornou o primeiro-ministro do país. Na França as eleições legislativas antecipadas terminaram com um país dividido em três, onde o crescimento do bloco da esquerda e dos ultraconservadores, retiraram a maioria do parlamento das mãos do presidente Emmanuel Macron e o obrigaram a formar um governo minoritário, que durou apenas três meses e terminou com a demissão de Michel Barnier do cargo de primeiro-ministro, iniciando mais uma crise política na segunda maior economia da união europeia.
A primeira economia do bloco por sua vez, a Alemanha, também amargou uma crise política no mês de outubro, e a demissão do ministro das finanças Christian Lindner resultou na quebra da coalizão governista e em eleições antecipadas para fevereiro de 2025, que provavelmente irão marcar o término do governo de esquerda de Olaf Scholz no país.
No âmbito europeu, as eleições da União Europeia , realizadas nos 27 países do bloco, mostraram um crescimento significativo da direita, principalmente nos grupos nacionalistas e ultraconservadores, todavia, a coalizão entre centro esquerda e centro direita se manteve na liderança da comissão europeia e Ursula von der Leyen foi reeleita para a presidência. Internamente as questões migratórias e a política verde trouxeram acaloradas discussões entre os eurodeputados e dão sinais de tempos turbulentos durante os próximos 4 anos.
Na Ásia, a política também dominou o noticiaria em 2024. O maior país do mundo em população, onde a maior eleição do mundo acontece com mais de 640 milhões de votantes, referendou a permanência do popular primeiro-ministro.A Índia reelegeu Narendra Modi para mais um mandato, apesar da perda de 63 assentos de seu partido BJP no parlamento. No Japão uma crise interna no partido liberal democrático finalizou o mandato de Fumio Kishida e alçou a posição de primeiro-ministro, Shigeru Ishiba, político com quase 4 décadas de experiência e com visões de uma política externa foçada em maior equilíbrio com os aliados ocidentais. Na coreia do sul, o decreto de lei marcial pelo presidente Yoon Suk Yeol provocou a indignação dos sul coreanos e da oposição que pedem sua renúncia ou a sua remoção do cargo através de um impeachment, colocando o país em uma crise política profunda enquanto os vizinhos da coreia do norte intensificam a produção bélica e testes de mísseis.
A Coreia do Norte em 2024 retirou de suas diretrizes qualquer iniciativa que busque a reunificação com a coreia do sul, enquanto Kim Jong Un endureceu a patrulha de suas fronteiras e ampliou seus laços com a Rússia e com a china, recebendo em Pyongyang ministros chineses, russos e até mesmo o presidente Vladmir Putin.
A China realizou uma série de exercícios militares no mar do Japão e nas proximidades da ilha de Taiwan, em uma movimentação estratégica considerada pelo governo de Pequim apenas uma resposta às falas separatistas das novas lideranças em Taipei.
Para finalizar um ano marcado pelas crises políticas, a ditadura de 53 anos da família Assad na síria terminou, após a fuga de Bashar al Assad para a Rússia em dezembro e a tomada do poder em damasco por rebeldes de diversas vertentes ideológicas. Terroristas ligados a Al Qaeda, insurgentes secularistas, entre outros grupos étnicos, religiosos e políticos têm a difícil tarefa de realizar a partilha do poder na síria e transformar o país em uma nação estável e economicamente viável, algo visto como pouco plausível pela comunidade internacional e especialistas militares.
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Em suma, 2024 foi um ano com muitas eleições, permeadas por crises políticas, um ano com a continuação de muitas guerras e outros conflitos armados pelo mundo, onde a crescente tensão em diversos cantos do planeta apenas confirmam o sentimento de incerteza que permanecerá em 2025
*Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião da Jovem Pan.